A Polícia Civil de Navegantes deflagrou, na manhã da quinta-feira (18), uma operação que resultou na prisão preventiva do ex-prefeito de Ilhota e de outros integrantes de um grupo investigado por crimes de estelionato e apropriação indébita. A ação incluiu o cumprimento de mandados de busca e apreensão, bloqueio de valores, além da suspensão de atividades econômicas ligadas aos investigados.
Segundo a Polícia Civil, o grupo atuava desde, pelo menos, o início de 2025 por meio de empresas que se apresentavam como garantidoras de aluguel. De acordo com a investigação, essas empresas não possuíam registro nem autorização da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e, em algumas situações, induziam clientes a acreditar que se tratavam de seguradoras. O inquérito teve início em setembro deste ano.
Com o avanço das apurações, foi constatado que os investigados passaram a criar novas empresas ao longo do tempo, impondo condições mais rígidas e cláusulas consideradas abusivas a imobiliárias parceiras. A estratégia, conforme apontado pela polícia, tinha como objetivo atrasar pagamentos a locadores enquanto ampliava a captação de novos clientes, o que aumentou significativamente os valores envolvidos nos golpes.
Ainda conforme a Polícia Civil, os prejuízos causados afetaram diretamente o funcionamento de imobiliárias que, diante da inadimplência das garantidoras, chegaram a arcar com os pagamentos aos proprietários dos imóveis. Em alguns casos, o impacto financeiro levou ao encerramento das atividades ou à transferência da carteira de clientes para outras empresas do setor.
Entre as empresas investigadas estão a Onda Segura, com sede em Navegantes, e a S8 Garante, registrada com endereço na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo. As duas pertencem ao mesmo grupo econômico. A S8 Garante, criada recentemente, utilizava forte divulgação nas redes sociais para atrair clientes e transmitir credibilidade. Durante as diligências em São Paulo, foi verificado que no endereço informado funcionam outras empresas, e não a sede da investigada.
A polícia também apurou que os responsáveis mantinham um padrão de vida elevado, residindo em imóveis de alto padrão e utilizando veículos de luxo. Inicialmente, as investigações se concentraram em vítimas que registraram ocorrência em Navegantes, o que resultou no bloqueio judicial de cerca de R$ 1,5 milhão. No entanto, há indícios de que o grupo tenha atuado em diversas regiões de Santa Catarina e também nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Mato Grosso. A estimativa é de que o prejuízo total possa ultrapassar R$ 15 milhões.
As diligências continuam para o cumprimento de prisões ainda pendentes e para a análise de um grande volume de dispositivos eletrônicos e materiais informáticos apreendidos durante a operação.
O delegado Osnei de Oliveira, da Delegacia de Polícia Civil de Navegantes, orienta que pessoas que tenham sido prejudicadas procurem a polícia para registrar boletim de ocorrência, permitindo a apuração dos fatos e a responsabilização dos envolvidos. Informações podem ser repassadas de forma anônima pelo telefone 181.
