Morre em Joinville o renomado advogado Carlos Adauto Vieira, aos 89 anos

Publicado em 17/03/2023 22h36

Faleceu nesta manhã de sexta-feira (17), em Joinville, um dos maiores nomes do meio jurídico catarinense, aos 90 anos de idade. Trata-se de Carlos Adauto Virmond Vieira, 89 anos, notório advogado joinvilense que marcou uma era como operador do direito local e também como referência da profissão. Além do Direito, a Literatura era sua paixão, segundo informou a jornalista e amiga Maria Cristina Dias, ao apresentar nota da Academia Joinvilense de Letras (AJL) informando o falecimento. A OAB em Joinville também emitiu nota de pesar e decretou luto na advocacia por três dias.

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Adauto era também economista e membro-fundador da AJL, entidade da qual foi presidente de 2013 a 2016. Ele ocupava a cadeira nº 30 da Academia, que tem como patrono Ottokar Doerffel. O horário e local do velório ainda serão informados pela família.

Carlos Adauto Vieira, o Dr. Adauto, como era conhecido, formou-se advogado e economista pela Faculdade de Direito de Santa Catarina e pela Faculdade de Ciências Econômicas de Santa Catarina e da FURJ. Ele foi, ainda, o criador da Escola Superior de Advocacia de Santa Catarina e o cofundador do Instituto Cultural Brasil-Alemanha.

Desde 1957, colaborava com os jornais O Estado do Paraná, Gazeta do Povo, Tribuna de Santos, A Notícia, Jornal de Joinville, O Município (Brusque), Sol de Camboriú, Folha Acadêmica, Folha do Litoral, Tribuna de Santa Catarina e Gazeta das Praias, de São Francisco do Sul – escrevendo artigos sobre direito, sociologia, política, economia, literatura e história.

Começou a escrever para A Notícia como colunista em 1958, e ainda foi presidente do Conselho Municipal de Cultura por várias vezes. Nesta condição, implementou os projetos de recuperação da Estação Ferroviária, da Shokoladenfest, do Festival da Canção de Cervejaria, do Memorial da Empresa Joinvilense e da edição de livros de Adolpho Bernardo Schneider, Elly Herkenhof, e Carl Julius Parucker.

Atuou na reedição da ‘História de Joinville” de Carlos Ficker”; e de “Às margens do Cachoeira”, de Augusto Sylvio. Manteve colunas dominicais sob os pseudônimos de Charles D’Olengèr e Heliodoro Luiz. E publicou quatro livros – “Aos Domingos, crônicas”; “Saborosas Estórias Curtas de Charles D ‘Olengèr”; “Europa sem Programa”; e “Contos e Crônicas”.

Em 2012, Joinville prestou-lhe um grande tributo, com a instalação da Ponte do Charlot, sobre o Rio Cachoeira, pela Prefeitura de Joinville, homenagem secundada pela Câmara de Vereadores e pelo Poder Judiciário de Joinville. Charlot era o pseudônimo dos artigos que ele escrevia em veículos de combate à ditadura militar.

“Havia uma pressão contra mim, das empresas de Joinville, porque eu era o único advogado trabalhista da cidade. Era especializado em direito do Trabalho e Previdência Social e isso não existia em Joinville. Eu é que comecei. Tanto é que participei da vinda da junta de Conciliação, da primeira, da segunda, terceira junta. Comecei em 8 de fevereiro de 57. O meu trabalho profissional espantava… porque as empresas não tinham nenhum interesse em respeitar a lei. Eu era do PTB. Ativo. Mas era só militante”.

– Dr. adauto, em 2014, lembrando dos porões da ditadura à jornalista maria cristina dias.

“Subversivo” e defensor da democracia

Maria Cristina lembra que Adauto era personagem ativo da cena joinvilense desde o final dos anos 50, e foi considerado subversivo pelo regime militar instalado com o golpe de 64, por conta do qual foi preso três vezes e temeu pela própria vida. Era amigo do deputado estadual Paulo Stuart Wright, cassado nos primeiros tempos da ditadura e desaparecido.

Também revela as incertezas e inseguranças de quem trabalhou e criou filhos em um período de exceção. Com a experiência de quem estava presente neste momento decisivo da história, ele declara que “o país durante a ditadura não melhorou em nada”. E garante: “Não se pode trocar a liberdade por nada. Por pior que ela seja, é melhor que qualquer outra coisa”, frisou, em entrevista no ano de 2014 para o extinto jornal Notícias do Dia, de Joinville.

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Faleceu nesta manhã de sexta-feira (17), em Joinville, um dos maiores nomes do meio jurídico

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Faleceu nesta manhã de sexta-feira (17), em Joinville, um dos maiores nomes do meio jurídico catarinense, aos 90 anos de idade. Trata-se de Carlos Adauto Virmond Vieira, 89 anos, notório advogado joinvilense que marcou uma era como operador do direito local e também como referência da profissão. Além do Direito, a Literatura era sua paixão, segundo informou a jornalista e amiga Maria Cristina Dias, ao apresentar nota da Academia Joinvilense de Letras (AJL) informando o falecimento. A OAB em Joinville também emitiu nota de pesar e decretou luto na advocacia por três dias.

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Adauto era também economista e membro-fundador da AJL, entidade da qual foi presidente de 2013 a 2016. Ele ocupava a cadeira nº 30 da Academia, que tem como patrono Ottokar Doerffel. O horário e local do velório ainda serão informados pela família.

Carlos Adauto Vieira, o Dr. Adauto, como era conhecido, formou-se advogado e economista pela Faculdade de Direito de Santa Catarina e pela Faculdade de Ciências Econômicas de Santa Catarina e da FURJ. Ele foi, ainda, o criador da Escola Superior de Advocacia de Santa Catarina e o cofundador do Instituto Cultural Brasil-Alemanha.

Desde 1957, colaborava com os jornais O Estado do Paraná, Gazeta do Povo, Tribuna de Santos, A Notícia, Jornal de Joinville, O Município (Brusque), Sol de Camboriú, Folha Acadêmica, Folha do Litoral, Tribuna de Santa Catarina e Gazeta das Praias, de São Francisco do Sul – escrevendo artigos sobre direito, sociologia, política, economia, literatura e história.

Começou a escrever para A Notícia como colunista em 1958, e ainda foi presidente do Conselho Municipal de Cultura por várias vezes. Nesta condição, implementou os projetos de recuperação da Estação Ferroviária, da Shokoladenfest, do Festival da Canção de Cervejaria, do Memorial da Empresa Joinvilense e da edição de livros de Adolpho Bernardo Schneider, Elly Herkenhof, e Carl Julius Parucker.

Atuou na reedição da ‘História de Joinville” de Carlos Ficker”; e de “Às margens do Cachoeira”, de Augusto Sylvio. Manteve colunas dominicais sob os pseudônimos de Charles D’Olengèr e Heliodoro Luiz. E publicou quatro livros – “Aos Domingos, crônicas”; “Saborosas Estórias Curtas de Charles D ‘Olengèr”; “Europa sem Programa”; e “Contos e Crônicas”.

Em 2012, Joinville prestou-lhe um grande tributo, com a instalação da Ponte do Charlot, sobre o Rio Cachoeira, pela Prefeitura de Joinville, homenagem secundada pela Câmara de Vereadores e pelo Poder Judiciário de Joinville. Charlot era o pseudônimo dos artigos que ele escrevia em veículos de combate à ditadura militar.

“Havia uma pressão contra mim, das empresas de Joinville, porque eu era o único advogado trabalhista da cidade. Era especializado em direito do Trabalho e Previdência Social e isso não existia em Joinville. Eu é que comecei. Tanto é que participei da vinda da junta de Conciliação, da primeira, da segunda, terceira junta. Comecei em 8 de fevereiro de 57. O meu trabalho profissional espantava… porque as empresas não tinham nenhum interesse em respeitar a lei. Eu era do PTB. Ativo. Mas era só militante”.

– Dr. adauto, em 2014, lembrando dos porões da ditadura à jornalista maria cristina dias.

“Subversivo” e defensor da democracia

Maria Cristina lembra que Adauto era personagem ativo da cena joinvilense desde o final dos anos 50, e foi considerado subversivo pelo regime militar instalado com o golpe de 64, por conta do qual foi preso três vezes e temeu pela própria vida. Era amigo do deputado estadual Paulo Stuart Wright, cassado nos primeiros tempos da ditadura e desaparecido.

Também revela as incertezas e inseguranças de quem trabalhou e criou filhos em um período de exceção. Com a experiência de quem estava presente neste momento decisivo da história, ele declara que “o país durante a ditadura não melhorou em nada”. E garante: “Não se pode trocar a liberdade por nada. Por pior que ela seja, é melhor que qualquer outra coisa”, frisou, em entrevista no ano de 2014 para o extinto jornal Notícias do Dia, de Joinville.

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