O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles afirmou na quarta-feira, 23, que pediu demissão do cargo. O presidente Jair Bolsonaro exonerou o ministro do Meio Ambiente. A informação foi publicada no Diário Oficial da União e informa que a exoneração foi a pedido de Salles. No mesmo decreto, Bolsonaro nomeou Joaquim Alvaro Pereira Leite como novo ministro do Meio Ambiente.
Salles é alvo de inquérito, autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR). A investigação suspeita de participação do ex-ministro em esquemas para a exportação de madeira ilegal. Ele nega ter cometido irregularidades e afirma ter saído do cargo para que apuração seja feita da melhor forma. A gestão de Salles à frente da pasta foi marcada pelo desmonte de órgão de fiscalização ambiental e sucessivos recordes no avanço do desmatamento.
A demissão ocorre um dia depois de Bolsonaro elogiar Salles em evento no Palácio do Planalto. “Parabéns, Ricardo Salles. Não é fácil ocupar seu ministério. Por vezes, a herança fica apenas uma penca de processos. A gente lamenta como por vezes somos tratados por alguns poucos desse outro Poder, que é muito importante para todos nós”, disse o presidente durante evento de lançamento do Plano Safra 2021-2022.
Na última semana, negociações bilaterais sobre questões ambientais entre Brasil e Estados Unidos foram suspensas, o que acendeu o “sinal amarelo” entre autoridades e parlamentares para os riscos de sanções econômicas. Para a presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu, o congelamento das conversas tem relação com as investigações contra o ex-ministro e com a paralisia no combate ao desmatamento.
Na ocasião, segundo o parlamentar, o presidente afirmou que procuraria a Polícia Federal para investigar o caso. Apesar do aviso, o governo seguiu com o negócio em que prevê pagar pelo imunizante indiano um preço 1.000% maior do que o anunciado pela própria fabricante seis meses antes.
CPI da Covid
O anúncio da troca no Ministério do Meio Ambiente também ocorre no momento em que o governo é acusado de corrupção na compra de vacinas para a covid-19. Em entrevista ao Estadão, o deputado Luis Miranda, aliado do Palácio do Planalto, afirmou ter alertado o próprio Bolsonaro de que havia “corrupção pesada” no Ministério da Saúde envolvendo a compra da Covaxin. “Pelo amor de Deus… isso é muito sério!”, escreveu em 22 de março a assessores do presidente. Miranda depõe à CPI nesta sexta-feira (25), segundo requerimento apresentado e votado nesta manhã.
A exoneração do ministro ocorreu também no momento em que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado apertou o cerco ao Executivo e ao valor pago na compra de vacinas da Covaxin. Apesar do aviso, o governo seguiu com o negócio em que prevê pagar pelo imunizante indiano um preço 1.000% maior do que o anunciado pela própria fabricante seis meses antes.