Em Barra Velha, uma antiga tradição popular resiste ao tempo pelas mãos de Eleonora Martins e do historiador José Carlos Fagundes, o Cacá Fagundes. Na madrugada da Sexta-feira Santa, eles celebraram o ritual da cachaça com cipó-milome, prática enraizada na fé cristã e nos saberes populares da região litorânea.
Após a morte do esposo Antônio Martins, anos atrás, Eleonora decidiu seguir com o costume que o casal mantinha há décadas no bairro Itajuba. Ainda na madrugada do dia santo, ela prepara a infusão amarga com cipó-milome, cravo e alho, e compartilha a bebida com apoio de Cacá e sua esposa, Márcia Fagundes. O momento é marcado por reverência e memória.
Segundo Fagundes, no imaginário popular o milome é uma planta milagrosa — reluzente e estalando quando colhida no “combro” das praias. “É uma velha simpatia de Sexta-feira Santa, com poder de limpeza espiritual e física”, explica o historiador.
Antônio Martins, conhecido como coletor de ervas, era figura central na manutenção do ritual. Com sua ausência, temia-se que o costume desaparecesse. Mas Eleonora e Cacá assumiram o papel de guardiões dessa tradição quase esquecida. A prática também remonta à medicina popular e ao simbolismo do sofrimento de Cristo. Com fé e memória, essas práticas populares seguem vivas entre aqueles que reconhecem seu valor histórico e espiritual.
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Fotos: DIVULGAÇÃO / CACÁ FAGUNDES