O padre Júlio Lancellotti, referência nacional em defesa e proteção das populações em situação de rua no Brasil, fez uma dura pregação na missa do último domingo, na paróquia São Miguel Arcanjo, em São Paulo, contra os prefeitos que têm gravado vídeos exigindo que moradores de rua saiam das cidades.
Na visão do padre, essas ações são improdutivas e repressivas, e “não uma forma de resgatar a dignidade” desse público à margem da sociedade. “São discursos pseudo-humanistas, na verdade”, reforçou o religioso na abertura da missa.

A pregação de Lancellotti atinge diretamente Santa Catarina, onde nas últimas semanas prefeitos como Juliana Pavan (PSD), de Balneário Camboriú, João Rodrigues (PSD), de Chapecó, delegado Egídio (PL), de Blumenau, e Robison Coelho (PL), de Itajaí, gravaram vídeos durante “operações” junto a moradores de rua, segundo revelou o DIARINHO, de Itajaí.

“Estes prefeitos não discutem saúde pública, educação, moradia, transporte, e não discutem a situação dramática das mudanças climáticas”, criticou o padre. “Por trás desse discurso o que há é repressão. Mas ninguém faz isso (melhorar condições de moradores de rua) com aparato militar”, completou.

“Minha crítica é em todos os níveis: municipal, estadual, federal. Lancellotti ainda condenou o que classificou como “silêncio da igreja católica”. “Muitos me disseram: o padre da minha igreja põe grade; também não quer os irmãos e irmãs de rua”.

E não foi apenas o religioso que reagiu aos vídeos. Nesta semana, a 6ª Promotoria de Justiça de Balneário Camboriú pediu audiência de conciliação com a prefeita Juliana Pavan (PSD), secretários municipais e Guarda Municipal após a operação contra moradores de rua que causou polêmica, com vídeo da prefeita nas redes sociais. O pedido veio do promotor Álvaro Pereira Oliveira Melo.

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Fotos: Divulgação / Internet.