O caminhão da família do senador Jorge Seif (PL), de Santa Catarina, apreendido em março deste ano com 320 quilos de maconha no Mato Grosso do Sul, foi vendido em setembro do ano passado para um motorista de outra empresa da mesma família.
A revelação foi feita pelo jornalista Guilherme Amado, do portal de notícias Metropoles, que reforçou que Jorge Seif nega qualquer vinculação com a droga flagrada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Esse contrato é de R$ 430 mil, segundo informou o mesmo portal, após a revelação da ligação entre o caminhão e a família do senador catarinense, a partir do jornalista Marcelo Lula, primeiro a noticiar a apreensão da droga.
O contrato, segundo Guilherme, entretanto, foi anexado pelo parlamentar neste mês a um processo na Justiça de Santa Catarina em que o bolsonarista move contra um opositor.
Seif processou Leonel Camasão, suplente de vereador do PSOL em Florianópolis, que comentou a reportagem sobre a apreensão de drogas. O bolsonarista pediu que a Justiça ordenasse a exclusão de posts de Camasão nas redes sociais, além do pagamento de uma indenização por R$ 10 mil por danos morais. Na última quarta-feira (26 de abril), o juiz Luis Cláudio Broering, entretanto, negou o pedido.
O contrato de 8 de setembro de 2022 foi assinado em nome da empresa de pesca e venda de imóveis Seyouf Administradora de Bens, sediada em Itajaí e representada por três sócios. Os três são familiares de Jorge Seif: a irmã Stephanie Seif, e os primos Seila Seif e Mtanos Seif. O comprador é Mayckon Dias, que nas redes sociais diz ser motorista da empresa de transporte de carga JM Seif, que também fica em Jataí e pertence ao pai do senador.
16 parcelas no total
O motorista da família Seif se comprometeu a pagar R$ 430 mil pelo caminhão e por caixas de plástico dentro do veículo. O pagamento foi acertado com Dias da seguinte forma: cinco parcelas de R$ 10 mil entre setembro de 2022 e janeiro de 2023; uma parcela de R$ 230 mil em fevereiro de 2023; e dez parcelas de R$ 15 mil entre março e dezembro de 2023.
Empresário do setor, o senador foi secretário da Pesca no governo de Jair Bolsonaro, que o lançou na política. No ano passado, se elegeu senador com o apoio do ex-presidente.
Seif segue com fortes ligações com a família Bolsonaro: nomeou em seu gabinete Jair Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente, e Igor Matheus Modtowski, genro da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Procurado, Seif afirmou que desde 2018 não tem ligações com o caminhão da família. Ao entrar para a vida pública e conforme exige a lei, o senador assegura não faz mais parte da sociedade da empresa que pertence à sua família. “Mais detalhes sobre esse caso devem ser esclarecidos com as partes envolvidas, já que são questões que não competem à responsabilidade do senador Jorge Seif”, detalhou a nota do político.
Procurados, o motorista Mayckon Dias e os três familiares de Seif que assinaram o contrato não responderam. O espaço está aberto a manifestações.
A foto acima é de Waldemir Barreto.

