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UFSC confirma mosquito transmissor da febre amarela em SC

Pesquisadores defendem reforço na imunização e medidas preventivas
Publicado em 11/12/2025 09h29 | Atualizado há 41 minutos

Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) identificou, pela primeira vez, a presença do mosquito Haemagogus leucocelaenus em áreas de mata de cinco municípios do estado. A espécie é responsável pela transmissão da febre amarela no ciclo silvestre e sua confirmação em território catarinense reforça a necessidade da vacinação contra a doença, recomendada no estado desde 2018 e disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

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A febre amarela é uma doença viral grave, capaz de evoluir rapidamente quando não diagnosticada e tratada. No Brasil, o vírus circula em dois ciclos: o urbano, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti — também responsável pela dengue, chikungunya e zika — e o silvestre, onde os transmissores são mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, habitantes de áreas de floresta. O último registro de febre amarela urbana no país ocorreu em 1942.

Em Santa Catarina, entre 2019 e 2021, foram 27 casos confirmados e oito mortes por febre amarela. Em 2022, houve apenas um caso, importado de outro estado, segundo a Secretaria de Estado da Saúde.

Para a bióloga Sabrina Fernandes Cardoso, doutora pela UFSC e autora principal do estudo, o registro do Haemagogus leucocelaenus no estado representa um alerta importante. Ela explica que, diante do alto número de focos de Aedes aegypti em SC, existe risco potencial para o surgimento de um ciclo urbano da doença caso uma pessoa infectada na mata seja picada novamente em área urbana. “As condições de surgimento de um ciclo urbano estão todas aí”, afirmou.

A pesquisa conduzida por Sabrina contou com a parceria da Fiocruz, da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive/SC) e do Instituto Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Entomologia Molecular. A professora Luísa Damasio Rona Pitaluga, orientadora do estudo, destaca que a descoberta fornece dados essenciais para orientar políticas públicas de prevenção e controle.

O trabalho foi motivado por episódios de morte e adoecimento de primatas não humanos, registrados em 2021 em Santa Rosa de Lima, Rio Fortuna, Braço do Norte, São Martinho e Pedras Grandes. Após a confirmação da presença do vírus nessas regiões, os pesquisadores realizaram coletas em áreas de mata em janeiro e fevereiro de 2023. Mais de 4 mil mosquitos foram capturados, sendo 91 pertencentes ao gênero Haemagogus leucocelaenus. As análises morfológicas e moleculares confirmaram a espécie.

O mosquito tem hábitos diurnos e se reproduz em cavidades de árvores. Ambientes quentes e úmidos favorecem sua proliferação. A presença do vetor indica risco real para circulação do vírus, especialmente em áreas rurais e regiões de borda de mata. Por isso, especialistas reforçam a importância da vacinação e do uso de repelente, principalmente em áreas próximas a florestas.

A equipe também alerta para o impacto das mudanças climáticas, que podem intensificar a proliferação dos mosquitos transmissores. Chuvas frequentes e ondas de calor criam condições ideais para o aumento da população desses insetos e, consequentemente, do risco de novas ocorrências da doença.

O estudo resultou na publicação do artigo Expanded range of Haemagogus leucocelaenus in yellow fever hotspots: new findings from Santa Catarina State, southern Brazil na revista científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, disponível na National Library of Medicine. O trabalho é assinado por Sabrina e outros cinco pesquisadores, incluindo a professora Luísa Pitaluga.

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Santa Catarina

Pesquisadores defendem reforço na imunização e medidas preventivas

Por Jeane Carla

Publicado em 11/12/2025 09h29 | Atualizado há 41 minutos

Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) identificou, pela primeira vez, a presença do mosquito Haemagogus leucocelaenus em áreas de mata de cinco municípios do estado. A espécie é responsável pela transmissão da febre amarela no ciclo silvestre e sua confirmação em território catarinense reforça a necessidade da vacinação contra a doença, recomendada no estado desde 2018 e disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

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A febre amarela é uma doença viral grave, capaz de evoluir rapidamente quando não diagnosticada e tratada. No Brasil, o vírus circula em dois ciclos: o urbano, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti — também responsável pela dengue, chikungunya e zika — e o silvestre, onde os transmissores são mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, habitantes de áreas de floresta. O último registro de febre amarela urbana no país ocorreu em 1942.

Em Santa Catarina, entre 2019 e 2021, foram 27 casos confirmados e oito mortes por febre amarela. Em 2022, houve apenas um caso, importado de outro estado, segundo a Secretaria de Estado da Saúde.

Para a bióloga Sabrina Fernandes Cardoso, doutora pela UFSC e autora principal do estudo, o registro do Haemagogus leucocelaenus no estado representa um alerta importante. Ela explica que, diante do alto número de focos de Aedes aegypti em SC, existe risco potencial para o surgimento de um ciclo urbano da doença caso uma pessoa infectada na mata seja picada novamente em área urbana. “As condições de surgimento de um ciclo urbano estão todas aí”, afirmou.

A pesquisa conduzida por Sabrina contou com a parceria da Fiocruz, da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive/SC) e do Instituto Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Entomologia Molecular. A professora Luísa Damasio Rona Pitaluga, orientadora do estudo, destaca que a descoberta fornece dados essenciais para orientar políticas públicas de prevenção e controle.

O trabalho foi motivado por episódios de morte e adoecimento de primatas não humanos, registrados em 2021 em Santa Rosa de Lima, Rio Fortuna, Braço do Norte, São Martinho e Pedras Grandes. Após a confirmação da presença do vírus nessas regiões, os pesquisadores realizaram coletas em áreas de mata em janeiro e fevereiro de 2023. Mais de 4 mil mosquitos foram capturados, sendo 91 pertencentes ao gênero Haemagogus leucocelaenus. As análises morfológicas e moleculares confirmaram a espécie.

O mosquito tem hábitos diurnos e se reproduz em cavidades de árvores. Ambientes quentes e úmidos favorecem sua proliferação. A presença do vetor indica risco real para circulação do vírus, especialmente em áreas rurais e regiões de borda de mata. Por isso, especialistas reforçam a importância da vacinação e do uso de repelente, principalmente em áreas próximas a florestas.

A equipe também alerta para o impacto das mudanças climáticas, que podem intensificar a proliferação dos mosquitos transmissores. Chuvas frequentes e ondas de calor criam condições ideais para o aumento da população desses insetos e, consequentemente, do risco de novas ocorrências da doença.

O estudo resultou na publicação do artigo Expanded range of Haemagogus leucocelaenus in yellow fever hotspots: new findings from Santa Catarina State, southern Brazil na revista científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, disponível na National Library of Medicine. O trabalho é assinado por Sabrina e outros cinco pesquisadores, incluindo a professora Luísa Pitaluga.