Documentário sobre primeiro prefeito de Balneário Camboriú, morto pela ditadura, será exibido domingo, 13

Publicado em 09/04/2025 09h30 | Atualizado há 54 dias

A Fundação Cultural de Balneário Camboriú promove no próximo domingo (13), às 19h, a exibição do documentário “Higino Pio: Verdade Revelada”, no Teatro Municipal Bruno Nitz. Lançado originalmente em 2015, o registro histórico foi viabilizado graças à Lei de Incentivo à Cultura (LIC). A entrada é gratuita.

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O filme, dirigido por Antônio Robson Dias e produzido por Dagma Castro, retrata com detalhes o assassinato do primeiro prefeito eleito de Balneário Camboriú durante o regime de exceção imposto pela ditadura militar. Além de reunir depoimentos de familiares, amigos e personagens importantes da época, a obra inclui dados e participações de integrantes da Comissão da Verdade.

Relembrando o episódio

Higino João Pio, eleito democraticamente como prefeito de Balneário Camboriú, foi preso em 19 de fevereiro de 1969, junto com outros funcionários da prefeitura, por agentes da ditadura militar. Sem mandado judicial e sem qualquer explicação sobre os motivos da prisão, Higino foi levado e mantido na Escola de Aprendizes Marinheiros em Florianópolis.

No dia 3 de março daquele mesmo ano, Higino João Pio foi encontrado morto em uma das celas da Marinha. Sua morte foi atribuída a suicídio, versão posteriormente desmentida. Apenas 56 anos depois, em 2014, graças à atuação da Comissão Nacional da Verdade e da Comissão Estadual da Verdade, sua certidão de óbito foi retificada, reconhecendo-se oficialmente que foi “morto pelo Estado brasileiro”.

A obra e a sociedade

O documentário foi produzido em 2015 e mais de 300 pessoas estiveram no anfiteatro Bruno Nitz para assisti-lo. A película foi elaborada com recursos públicos municipais através da LIC, e apresenta personalidades históricas do município – muitos hoje já falecidos.

De acordo com o diretor do filme, Robson Dias, o trabalho foi bem recebido por todos os que viram na produção um documento palpável, contando de fato o que havia ocorrido com o primeiro prefeito da cidade. “O documentário, de certo modo, veio para compilar e materializar aquilo que todos já desconfiavam, mas tinham medo de dizer: que Pio havia sido assassinado. Por isso serviu de instrumento de consolidação da verdade”, afirmou.

Repensando o presente

Para o diretor Robson Dias, o conhecimento e a compreensão da história são imprescindíveis, pois é o que molda o presente e o futuro de uma sociedade: “Experiências passadas fracassadas e que sobretudo trouxeram prejuízos à sociedade e às suas instituições precisam ser repudiadas e nunca mais repetidas. Está fadada à repetição dos mesmos erros uma sociedade que não compreende sua própria história”, ressaltou.

Robson defende que tomar conhecimento da história de Higino Pio nos norteia e nos mostra um outro cenário. “Higino Pio era um homem bom e essa era a sua maior virtude. Não possuía ideologia política. Era apenas um comerciante que tinha como premissa ajudar os moradores da praia que há época muitos eram pobres e descendentes de pescadores locais. Higino morreu sem saber o porquê e as pessoas que aqui vivem precisam entender sobre um período que aterrorizou não só grandes capitais como também cidades que há pouco tempo estavam no mapa. Higino Pio é um símbolo para o nosso povo da história mais marcante do início de Balneário Camboriú”, explicou.

Retificação de documentos do legislativo

No dia 31 de março de 2025, a Câmara de Vereadores de Balneário Camboriú promoveu uma Sessão Solene em memória ao ex-prefeito Higino João Pio. Na ocasião, o legislativo entregou ao filho do homenageado, Julio Cesar Pio, um documento que retifica o registro sobre o falecimento do ex-prefeito nas atas das sessões do Legislativo Municipal de 4 de março e 10 de outubro de 1969, esclarecendo que a morte decorreu de assassinato perpetrado pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política do regime ditatorial instaurado em 1964.

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Foto: ACERVO PREFEITURA DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ / DIVULGAÇÃO.

Equipe técnica do documentário

Direção: Antônio Robson Dias
Direção de fotografia: Diogo Ramos / Thiago Dias
Montagem e edição: Thiago Dias / Antônio Robson Dias
Produção: Dagma Castro

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O filme, dirigido por Antônio Robson Dias e produzido por Dagma Castro, retrata com detalhes o assassinato do primeiro prefeito eleito de Balneário Camboriú durante o regime de exceção imposto pela ditadura militar. Além de reunir depoimentos de familiares, amigos e personagens importantes da época, a obra inclui dados e participações de integrantes da Comissão da Verdade.

Relembrando o episódio

Higino João Pio, eleito democraticamente como prefeito de Balneário Camboriú, foi preso em 19 de fevereiro de 1969, junto com outros funcionários da prefeitura, por agentes da ditadura militar. Sem mandado judicial e sem qualquer explicação sobre os motivos da prisão, Higino foi levado e mantido na Escola de Aprendizes Marinheiros em Florianópolis.

No dia 3 de março daquele mesmo ano, Higino João Pio foi encontrado morto em uma das celas da Marinha. Sua morte foi atribuída a suicídio, versão posteriormente desmentida. Apenas 56 anos depois, em 2014, graças à atuação da Comissão Nacional da Verdade e da Comissão Estadual da Verdade, sua certidão de óbito foi retificada, reconhecendo-se oficialmente que foi “morto pelo Estado brasileiro”.

A obra e a sociedade

O documentário foi produzido em 2015 e mais de 300 pessoas estiveram no anfiteatro Bruno Nitz para assisti-lo. A película foi elaborada com recursos públicos municipais através da LIC, e apresenta personalidades históricas do município – muitos hoje já falecidos.

De acordo com o diretor do filme, Robson Dias, o trabalho foi bem recebido por todos os que viram na produção um documento palpável, contando de fato o que havia ocorrido com o primeiro prefeito da cidade. “O documentário, de certo modo, veio para compilar e materializar aquilo que todos já desconfiavam, mas tinham medo de dizer: que Pio havia sido assassinado. Por isso serviu de instrumento de consolidação da verdade”, afirmou.

Repensando o presente

Para o diretor Robson Dias, o conhecimento e a compreensão da história são imprescindíveis, pois é o que molda o presente e o futuro de uma sociedade: “Experiências passadas fracassadas e que sobretudo trouxeram prejuízos à sociedade e às suas instituições precisam ser repudiadas e nunca mais repetidas. Está fadada à repetição dos mesmos erros uma sociedade que não compreende sua própria história”, ressaltou.

Robson defende que tomar conhecimento da história de Higino Pio nos norteia e nos mostra um outro cenário. “Higino Pio era um homem bom e essa era a sua maior virtude. Não possuía ideologia política. Era apenas um comerciante que tinha como premissa ajudar os moradores da praia que há época muitos eram pobres e descendentes de pescadores locais. Higino morreu sem saber o porquê e as pessoas que aqui vivem precisam entender sobre um período que aterrorizou não só grandes capitais como também cidades que há pouco tempo estavam no mapa. Higino Pio é um símbolo para o nosso povo da história mais marcante do início de Balneário Camboriú”, explicou.

Retificação de documentos do legislativo

No dia 31 de março de 2025, a Câmara de Vereadores de Balneário Camboriú promoveu uma Sessão Solene em memória ao ex-prefeito Higino João Pio. Na ocasião, o legislativo entregou ao filho do homenageado, Julio Cesar Pio, um documento que retifica o registro sobre o falecimento do ex-prefeito nas atas das sessões do Legislativo Municipal de 4 de março e 10 de outubro de 1969, esclarecendo que a morte decorreu de assassinato perpetrado pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política do regime ditatorial instaurado em 1964.

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Produção: Dagma Castro

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