Diante de todos os dramas que envolvem a polêmica obra da ponte sobre o Rio Itajuba, em Barra Velha, os condutores e pedestres agora correm outro risco. Um relatório técnico desenvolvido nos últimos dias apontou uma série de problemas na estrutura da travessia. Conforme aponta o documento, os acessos à ponte apresentam deformações relevantes. Nesse sentido, surge a possibilidade de comprometer a estabilidade da obra polêmica – pivô da Operação Travessia, do Ministério Público (MPSC), em 2024.
De acordo com o documento ao qual a Rede Marazul teve acesso, a ponte, construída com elementos de concreto armado moldados in loco e peças pré-moldadas, não apresenta “deformações significativas” em sua estrutura principal. O documento técnico é de 9 de janeiro último, e foi assinado pela engenheira civil Denise Marques, a pedido da Secretaria de Planejamento da Prefeitura.
No entanto, as longarinas (travessões de grande porte, em aço e concreto) transportadas por caminhões à época da construção, e instaladas sobre os dois lados das cabeceiras do rio – apontam o que a engenheira civil chamou de “armadura transversal visível” – termo técnico para indicar que as estruturas não foram devidamente finalizadas e sem o “devido recobrimento das peças”, no dizer da engenheira.
O problema ocorre devido ao inadequado recobrimento das peças durante o processo de acabamento da ponte, que contou com resíduos de madeira, plásticos e agregados nessa base. Através do relatório, é possível observar fissuras nas lajes maciças de bordo, sugerindo problemas na concretagem e vibração do concreto. Uma das imagens do relatório mostra uma fissura de mais de 15 cm, onde cabe até mesmo um aparelho celular em pé.
Além disso, as equipes identificaram o maior comprometimento estrutural nos acessos à ponte. Nesses pontos, o sistema de contenção, feito com placas pré-fabricadas, apresenta desalinhamento e fissuras, indicando possível fuga do material de aterro. Enquanto isso, o acabamento em concreto armado no topo dessas peças exibe rachaduras e rompimentos, expondo a armadura interna.
Falhas estruturais na pavimentação da ponte do Rio Itajuba
A pavimentação das subidas e do próprio travessão da obra também sofre com as consequências dessas falhas. A equipe técnica da Seplan identificou pequenas fissuras ao longo da pista. Porém, as áreas mais críticas estão nos acessos à ponte, onde há afundamento do solo e rachaduras que permitem a infiltração de água. Por conta disso, os riscos de comprometimento da estrutura aumentam.
Diante dessas constatações, o laudo técnico recomenda a realização emergencial de uma perícia técnica de engenharia mais detalhada, a fim de definir as intervenções necessárias. Desse modo, Denise sugere o isolamento de áreas críticas e o monitoramento constante das deformações. Caso haja agravamento das condições, a recomendação é realizar a interdição completa dos acessos à ponte para pedestres e veículos.
A construção da ponte Rio Itajuba ocorreu no contrato n.º 053/2021. O valor inicial do projeto é de R$ 2.767.464,36 e com período de obras entre 13 de outubro de 2021 e 15 de setembro de 2023. É possível acessar o relatório técnico no fim dessa matéria.
A demora na obra, aliada às suspeitas de irregularidades na sua construção, acabou gerando as investigações do Grupo de Atenção Especial de Combate às Organizações Criminosas, o Gaeco, que resultou na Operação Travessia, onde dirigentes políticos de Barra Velha acabaram presos e a cúpula administrativa da prefeitura, afastada, em 24 de janeiro do ano passado.
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