A Epagri de Santa Catarina está orientando pescadores e maricultores do litoral catarinense – em especial da Grande Florianópolis -, sobre a presença da macroalga Kappaphycus alvarezii, que vem surgindo com deposição em grandes volumes delas em costões e praias, evento popularmente conhecido pelos pescadores como arribamento. Em março deste ano, foi verificada superprodução dessas macroalgas nas praias do Estado – o que levou à captura excessiva em redes.
Esse volume, em geral, vem de áreas destinadas à maricultura, onde os produtores cultivam a alga para revenda. O problema está no cultivo sem critérios, que podem gerar os grandes volumes da planta, e um problema para os pescadores, já que essas algas enroscam nas redes de pesca, causando problema.
Segundo a Epagri, com o período da entressafra dessa macroalga e a colheita da planta finalizada, a situação foi normalizada. Contudo, já preocupada com a próxima safra, que inicia em setembro, a Epagri divulgou nota técnica, assinada por Alex Alves dos Santos, pesquisador do Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca (Epagri/Cedap).
Essa nota explica o motivo da presença da macroalga nas redes de pesca e do arribamento, e apresenta as medidas para contê-los. A nota detalha as medidas que devem ser adotadas pelos maricultores, por exemplo, para que a superprodução não volte a ocorrer.
Recomendações
A recomendação é para que, na próxima safra, os produtores que usam o sistema tie-tie plantem os ramos com 15 gramas e façam a colheita quando eles atingirem 500 gramas de peso. Cabe aos maricultores também a responsabilidade de plantar somente a quantidade que irá revender, seguindo um planejamento de produção junto aos potenciais compradores, registrado por meio de contrato de compra e venda.
Os maricultores também estão orientados a colher as macroalgas e dar a elas destinação adequada quando não ocorrer a venda. A nota técnica destaca ainda a necessidade de ações para que as regulamentações estabelecidas sejam obedecidas e as fiscalizações intensificadas, além da adequação da legislação e da produção.
Importante destacar que somente maricultores autorizados pela União podem cultivar a macroalga K. alvarezii. Desta forma, a recomendação para futuros compradores é de que a transação comercial seja somente com emissão de nota do produtor, evitando, dessa forma, o comércio informal com produtores não autorizados.
Superprodução
Segundo a nota técnica, Santa Catarina registrou superprodução de macroalgas na safra 2023/24, chegando 1.000 toneladas. Na safra 2022/23 o Estado produziu 300,35 toneladas do produto.
A produção de 1.000 toneladas implica em uma oferta de 15 a 20 t/dia de macroalgas. No entanto, a capacidade operacional máxima de transformação da macroalga em extrato líquido da única empresa compradora em Santa Catarina é de 6 t/dia.
Como resultado, a venda da produção não foi realizada conforme a expectativa e as algas foram mantidas no mar. Assim, elas continuaram crescendo e se desprendendo das estruturas de cultivo por excesso de peso.
Vários fatores contribuíram para a superpopulação, entre eles a ausência de inverno rigoroso em 2022 e 2023, já que, diante do frio intenso, os cultivos são interrompidos, pois aproximadamente 99% das macroalgas morrem em decorrência das baixas temperaturas do mar.
Houve também uma intensa migração de maricultores para o cultivo da K. alvarezii. A falta de experiência dos produtores no cultivo da macroalga foi outro fator determinante, levando a erros que incluem colheita em momento inadequado, falta de planejamento da produção e venda sem a devida fundamentação em contrato.