Uma das maiores perdas para a literatura catarinense e regional. Faleceu na manhã deste sábado, 20, em Penha, o escritor, jornalista e comerciante aposentado Cláudio Bersi de Souza, aos 88 anos de idade. Ele enfrentava um câncer na bexiga e passava por rigoroso tratamento de saúde.
O legado deixado pelo principal escritor da História de Penha não se resume apenas aos quase 50 livros por ele assinados – cuja estreia na literatura foi com “Um beijo na Tempestade”, de 1984, seguido por “Uma Luz na Solidão” (1988), “Muralhas de Água” (1992), “Penha: A história para Todos” (1995), “Pirajá” (1999) e “Piçarras de Todos os Tempos” (2000), e muitos outros.
Também em destaque “Amabilíssima”, a biografia de Amábile Visintainer, ou Santa Paulina, de 2008 e prefaciada pelo jornalista Carlos Nascimento. Bersi teve até mesmo uma participação como ator de novelas – ele atuou na extinta TV Manchete, como médico, durante as gravações feitas em Penha para a trama de Ana Raio e zé Trovão.
Cláudio era natural de Itajaí, nascido em 1935, mas foi criado em Armação do Itapocoróy. Filho de Inácio Francisco de Sousa e Ema Bersi, foi marinheiro em embarcações pesqueiras, comerciante e vereador. Presidiu a Câmara de Penha na 2ª legislatura, entre 1963 e 1967, e assinou ainda a letra de “Canto de Amor a Penha”, hino oficial da cidade.
Seu estilo literário resultou em romances, biografias, mensagens de motivação e histórias de vários municípios, Bersi. Também assinou um suplemento de literatura e variedades no Jornal do Comércio nos anos 90 e 2000, “O Versátil”, e foi colunista do DIARINHO por décadas. Integrou a Academia de Letras do Brasil de Santa Catarina, Seccional Penha, com a cadeira número 1.
Sua experiência como embarcado da Marinha Mercante resultou nos primeiros livros, relatando histórias vividas por ele próprio em alto mar. Livros que resultaram num recorte importante da história local e regional, e renderam a ele o Troféu Açorianidade do Núcleo de Estudos Açorianos (NEA) da Universidade Federal de Santa Catarina.
Cláudio era viúvo de Lúcia da Costa, a dona Lucinha, falecida em 2020, e pai de Antônio, João e Pedro, e avô de Clara, Lúcia, Clarissa e Renato. Em novembro de 1973, abriu as portas do Supermercláudio, mercado pioneiro na região.
A professora e vice-prefeita Maria Juraci frisou para a Rede Marazul enfatizou que Bersi dedicou a vida a difundir a literatura e a cultura. “Aos praticamente 89 anos, vivo, falando e pensando em cultura e literatura. E ele iria lançar um livro pela Academia em abril deste ano. São mais de 40 livros, e ele revolucionou a literatura de Penha”, destacou ele. “E sempre ativo na Academia, no debate sobre a literatura, e nos dizia que não poderíamos deixar o livro morrer”, acrescentou.
Luto oficial
Em sinal de profundo pesar pelo falecimento de Cláudio Bersi, o prefeito de Penha, Aquiles da Costa (MDB), decretou luto oficial de três dias. As bandeiras, em frente à Prefeitura, permanecerão neste período hasteadas a meio mastro.
“Cláudio era muito estudioso, querido por todos que o conheciam e de uma inteligência impressionante. Ele deixa uma lembrança marcante em todos que o conheceram”, frisou o prefeito.
O velório será na Câmara de Vereadores de Penha, a partir das 17h deste sábado (20). No domingo (21), às 7h, ele será levado para a Capela Mortuária de São João Batista, em Armação, para despedida da comunidade do bairro até 8h30, hora do sepultamento, no Cemitério da Capela.



