Porto de Navegantes inicia formação exclusiva em 12 encontros voltados a 30 mulheres negras

O programa Porto para Elas, atualmente com 30 alunas, todas mulheres pretas ou pardas, tem

Publicado em 26/10/2023 16h46

O programa Porto para Elas, atualmente com 30 alunas, todas mulheres pretas ou pardas, tem feito a diferença em Navegantes. As participantes foram selecionadas entre as que já haviam manifestado interesse em integrar a primeira turma, em 2022, quando mais de 700 inscrições foram recebidas. O propósito do Porto para Elas é oferecer oportunidades de inserção no mercado de trabalho, iniciou no último dia 19 e terá duração de dois meses.

As participantes terão um total de 12 encontros, no próprio terminal, nas terças e quintas-feiras. A equipe de professores e ministradores das aulas é composta somente por pessoas negras, inclusive profissionais voluntários do Instituto Portonave.

Durante as aulas, serão abordadas as matérias de Transportes Marítimos, Operações e Equipamentos Portuários, Trâmites Aduaneiros, Cadeia Logística, Sustentabilidade, Diversidade e Inclusão, Imagem e Autoconfiança e Empreendedorismo.

Nesta edição, o programa também conta com o apoio do Fundo Agbara. Além disso, 20 alunas receberão bolsa de estudos no valor de R$ 2 mil, ao final da formação, para estimular a educação contínua.

Mulheres negras e desemprego

No setor portuário brasileiro, cerca de 17% do total de vagas são ocupadas por mulheres, de acordo com dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ). Historicamente, as mulheres negras têm a maior taxa de desemprego no país.

No primeiro semestre de 2022, enquanto a taxa de desemprego geral ficou em 9,3%, entre as mulheres negras o indicador ficou em 13,9%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A gerente de Recursos Humanos, Alessandra Santos, reforça a importância de trabalhar com grupos minoritários no ambiente corporativo. Alessandra observa que é mulher negra em cargo de gestão em grande empresa, o que é muito importante como representatividade para outras mulheres e pessoas negras.

Ela revela que recebe relatos das pessoas inspiradas e motivadas a continuar a sua jornada no ambiente corporativo pelo fato de vê-las nesse espaço de fala e de trabalho. “É muito emocionante para mim fazer parte desse programa e saber que contribuo para que outras pessoas possam acreditar nos seus sonhos e realizá-los”, Alessandra complementa.

A primeira edição do programa formou 40 mulheres nos cursos de Logística e Manutenção Portuária, e oito delas foram contratadas pela Portonave. Raquel Roze Leal é uma dessas mulheres. Hoje, é operadora de Movimentação da Iceport, câmara frigorifica integrada ao Terminal. Para Raquel, também uma mulher negra, natural do Acre, a iniciativa mudou sua vida desde a chegada em Navegantes há dois anos. O projeto abriu portas e possibilitou sua evolução profissional.

Fundo Agbara

O Fundo Agbara é o primeiro fundo filantrópico de mulheres negras do Brasil, instituído em 2020, uma organização antirracista e sem fins lucrativos gerida por mulheres negras com a missão de sustentar e fortalecer o exercício dos direitos econômicos e a inclusão socioprodutiva de mulheres negras em toda sua diversidade. A palavra Agbara vem do idioma iorubá, com origens na Nigéria, e significa “potência”.

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Publicado em 26/10/2023 16h46

A violência contra a mulher tem sido debatida por organizações do litoral norte catarinense. As discussões tem avançado sobre os sistemas judiciários de atendimento às demandas femininas e são encabeçados pelo Coletivo Mulheres do Brasil em Ação (o CMBA). Em Balneário Piçarras, um espaço reservado que já existe para acolher mulheres vítimas de violência domésticas corre o risco de fechar por falta de verbas para manutenção que hoje conta com algumas doações e pessoal voluntário. Apenas no mês de janeiro em Balneário Piçarras foram decretadas dez medidas protetivas.

Movimento busca trazer atendimento para as mulheres vítimas de violência doméstica.
Movimento busca trazer atendimento para as mulheres vítimas de violência doméstica.

O CMBA também criou a primeira casa de referência de atendimento à mulher com equipe especializada que atua voluntariamente em Balneário Piçarras. A casa é sigilosa para reservar a integridade das mulheres violentadas, criadas unicamente com esforços da sociedade civil.

Um dos objetivos da organização é evitar o feminicídio e desde que o Coletivo começou a atuar nas principais cidades do litoral norte em 2019 não houve registro do crime.

A presidente da CMBA, Regina dos Santos, explicou que o espaço é um início para oportunizar o atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica para que seja possível oferecer orientação jurídica e psicológica, com atendimento de mulheres de diversas cidades. Ela comenta que essa criação foi iniciada apenas com esforços da sociedade civil sem ajuda governamental.

O CMBA se formou em 2018 em meio a uma festa designada Festa da Mulherada em Barra Velha que reuniu cerca de 100 mulheres que acompanharam palestras, expressões artísticas e caminhadas. A reunião se transformou no Coletivo e formou também 32 promotoras legais populares.

O secretário de Assistência Social de Balneário Piçarras, Paulo Debatin, foi questionado pela Rede Marazul para saber se há possibilidade de auxiliar o movimento. Na tentativa de auxiliar a iniciativa, ele indicou que o Serviço Único de Assistência Social (SUAS) pode prestar auxílio técnico ou financeiro às organizações da sociedade civil cadastradas junto ao SUAS. O mesmo avaliou a intenção do CMBA como uma iniciativa importante, mas que poderia apenas prestar o auxílio na inscrição junto ao sistema para formalização de parceria.

Confira o vídeo em que o secretário Paulo Debatin esclarece as possibilidades de parceria com o Coletivo Mulheres do Brasil em Ação:

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