Funcionários do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes (HNSN) denunciam no DIARINHO de ontem estágio irregular de acadêmicos de Medicina de universidades paraguaias, exercício ilegal da Medicina por estudantes com a suposta conivência da direção e parte do corpo clínico e até suspeita de “rachadinha”.
O caso já foi denunciado ao Conselho Regional de Medicina (CRM) e deve ser encaminhado para o Ministério Público de Navegantes nos próximos dias. A diretoria da Redeh e os gestores do hospital negam as acusações.
Segundo os colaboradores do HNSN que denunciaram o caso ao DIARINHO, os estudantes das universidades estrangeiras já fazem os “estágios” no local por meio apenas de um convênio firmado entre a Redeh e as universidades, sem a homologação do Ministério da Educação, há anos.
O problema teria se agravado muito nos últimos tempos, já que parte dos médicos plantonistas se ausentam do pronto-socorro nas madrugadas e colocam os estudantes para atender a comunidade sem supervisão. A reportagem também ouviu um médico do hospital que confirmou a denúncia.
Rachadinha
Segundo a denúncia feita ao DIARINHO na última semana, o Hospital Nossa Senhora de Navegantes está atualmente com 60 “internos” que cursam Medicina nas universidades Três Fronteiras (Uninter) e Sudamericana, que fazem estágio no HNSN pelo período de um ano. Segundo os dados fornecidos pela funcionária, cada um dos três envolvidos recebe mensalmente R$ 32,4 mil da suposta rachadinha.
Outro ponto é que médicos formados no exterior precisam passar pelo Revalida. O Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) informou que está analisando o caso e, por causa da exigência de sigilo, não forneceu mais informações.
Redeh nega estágio e dá sua versão
Em nota, a Redeh de Beneficência Cristã diz que não se trata de estagiários e sim de extensionistas. Informa que a presença de estudantes do “Curso de Extensão” no hospital de Navegantes é legalizado através de convênio com universidade brasileira devidamente habilitada junto ao Ministério da Educação (MEC).
Questionada sobre o número do convênio com o MEC e a data da formalização do mesmo, a instituição alega tratar-se de uma questão da universidade com o MEC e, portanto, não tem como passar essa informação.
Com relação ao número de “extensionistas” no hospital, a Redeh não informou, alegando a necessidade de levantamento das informações. Quando o DIARINHO solicitou cópia do convênio e perguntou o nome do médico responsável no HNSN, a assessoria de comunicação da Redeh disse que o convênio é resguardado pela Lei de Proteção de Dados e também por cláusula de sigilo e confidencialidade.
Com relação à prática ilegal da Medicina, a nota diz que os extensionistas que atuam no HNSN são supervisionados por médicos e preceptores experientes Com relação aos pagamentos feitos pelos “extensionistas”, a nota diz que os valores são utilizados para o subsídio do material hospitalar, remuneração dos médicos preceptores e no curso de extensão. A nota é assinada pelo diretor do hospital, Julimar de Oliveira.
Procurado pela reportagem, o secretário de Saúde de Navegantes, Pablo Sebastian Velho, preferiu não se manifestar. Mas a reportagem apurou que a gestão foi delegada à Redeh por concorrência pública, de nº 15/2020.