Ativistas da causa animal foram ameaçados por moradores do interior de Balneário Piçarras na tarde e noite do último dia 19, segunda-feira – as pessoas, contrárias ao trabalho dos voluntários que alimentam cães abandonados, chegaram a ameaçar sacar armas de dentro de casa para evitar que uma agremiação voluntária fizesse o trabalho de combate a zoonoses e proteção dos animais.
“Eu estou dentro da lei, a lei me assegura o direito de dar comida. Trato (os animais); já falei com o prefeito sobre isso. Estou acobertada pela legislação”, fala uma das voluntárias no vídeo, ao ser interpelada por uma senhora do bairro Morretes.
A moradora, pelo que se observa no vídeo, não concorda com a alimentação alegando que irão surgir mais cães famintos na rua, e que os ativistas deveriam “levar os animais para casa”.
A senhora ainda diz que os cães estariam matando galinhas no seu quintal. Já a ativista alega que se estão atacando a criação, é justamente porque os moradores próximos não recolhem os animais e não dão alimento. Segundo a voluntária Emanoelly Roberta Rodrigues Silva, de 39 anos, não é a primeira vez que moradores tentam evitar o trabalho da ONG.
Em outro vídeo, já gravado à noite, os voluntários ficam assustados quando moradores estariam “pegando armas” para enfrentar quem alimenta os animais de rua. O boletim de ocorrência sobre o episódio, ocorrido na Rua Abílio Manoel de Borba (Estrada Geral de Morro Alto), em Morretes, foi registrado na Polícia Civil às 18h30.
E num terceiro vídeo, também noturno, um outro ativista confirma que um morador local está ameaçando quem alimenta os cães. O voluntário destacou que cinco cachorros estão abandonados na mesma rua, e ele foi até o local para conferir se a ameaça é real.
Problema se agrava
Segundo a voluntária, o trabalho da ONG acontece desde agosto do ano passado, mas as ameaças começaram em 27 de fevereiro. A ativista diz que só alimenta os animais porque eles estão muito famintos, e que se agrava o problema dos cães abandonados no interior de Balneário Piçarras.
“O morador foi correndo pegar a arma; ele envolveu os filhos. A gente não alimenta os cães na frente da casa deles; alimenta na rua. Mas a gente não esperou (eles chegar); a gente foi embora”, reforçou.
A reportagem da Rede Marazul tentou apurar se há vínculos entre o prefeito Tiago Baltt (MDB) e os moradores, além de questionar a administração municipal sobre qual a estrutura oferecida aos cães e gatos de rua. Até o fechamento da reportagem, não houve retorno da assessoria municipal.
