A professora que teria afirmado que Santa Catarina “é o berço do nazismo do Brasil” foi afastada por 60 dias, após sofrer forte pressão de deputados estaduais e federais de extrema direita no Estado.
A profissional dava aula na Escola Estadual Básica (EEB) Leopoldo José Guerreiro, em Bombinhas, e virou algo de ataques raivosos da extrema direita, a partir da pressão exercida por deputados bolsonaristas como Jessé Lopes (foto, estadual) e Júlia Zannata (federal), ambos do PL.
As falas da professora foram gravadas por alunos e circularam nas redes sociais. Ela ainda alega que os índices de violência contra a mulher são elevados no Estado, assim como casos de racismo e exploração de mão de obra. A profissional continuará recebendo salário nestes dois meses de investigação a qual será submetida.
“80% é fascista”
Em uma das falas, a professora afirma que evita usar roupas vermelhas, por medo de ser chamada de comunista, “em um lugar onde 70%, 80% é fascista”. “Não existe comunismo no Brasil. Mas eu gostaria que as pessoas tivessem acesso as mesmas coisas, que não tivesse pobreza”, afirma a professora.
A professora ainda condena, nos áudios, o uso da cloroquina durante a pandemia de Covid-19, sem uma comprovação científica.
Durante as alegações, alunos contrariam e questionam a professora. As falas viralizaram nas redes sociais, e foram alvo de comentários de pais e alunos.
Em suas redes sociais, Jessé Lopes acusa a professora professora afastada de estar em sala “doutrinando” os alunos. “Ela responderá processo administrativo disciplinar (PAD) pelo que falou dentro de sala de aula. Todos queremos a exoneração, mas isso não pode acontecer sem PAD, sem o direito de defesa”, reconhece Jessé, defendendo a exoneração da profissional por “ingratidão com Santa Catarina”.
O que diz a Secretaria da Educação
A Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina foi questionada sobre o ocorrido, e se pronunciou em nota, em abordar especificamente a decisão pelo afastamento temporário:
“A Secretaria de Estado da Educação (SED), por meio da Coordenadoria Regional de Itajaí, informa que, assim que tomou conhecimento das falas de uma professora da EEB Leopoldo José Guerreiro, de Bombinhas, foi até a escola para apurar a situação. Na visita, ouviu as partes envolvidas, fez registros em Ata e, na sequência, encaminha a documentação para SED para conhecimento e soluções.”
Detalhes sobre em qual contexto as falas ocorreram, e se foram realizadas durante o horário de aula, não foram repassados. Conforme a secretaria, o processo é sigiloso. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte) de Santa Catarina ainda não se pronunciou sobre o caso em suas redes sociais.
(Com informações do portal ND Mais e da Rede Marazul).
